Hélio Mazzoli, nesta manhã de domingo, analisa para esta página:
A inflação continua em alta em direção ao consumidor final.
Parece-me que faltam conhecimentos clássicos para as autoridades.
Não adianta “achar” e nem inventar a roda.
A inflação continua em alta em direção ao consumidor final.
Parece-me que faltam conhecimentos clássicos para as autoridades.
Não adianta “achar” e nem inventar a roda.
O IGP-10, primeira prévia do Índice Geral de Preços de
junho, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, subiu 0,63%, marcando a volta da
inflação de alimentos. É uma notícia desanimadora para o governo, que contava
com deflação para amoldar o índice oficial (IPCA), e para o consumidor, que
pagará a conta na feira ou no supermercado.
. Na composição do IGP os preços no atacado - industriais e
agropecuários - têm peso maior (60%). Os agropecuários haviam caído 2,8%, no
IGP-10 de maio, contribuindo para a deflação de 0,09%. Agora, com aumento de
0,57%, os agropecuários são o principal fator da retomada inflacionária,
secundados pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC), com alta de 2,48%
contra 0,79%, em maio.
. Soja em grão (+9,61%), farelo de soja (+14,12%), batata
inglesa (+16,16%), leite in natura (+3,71%) e minério de ferro (+1,33%)
lideraram as altas do Índice de Preços ao Produtor Amplo, segundo a FGV. Para o
consumidor, os itens que mais subiram foram mamão papaia (+28,36%) e leite
longa vida (+3,40%). Os aumentos tiveram mais impacto no índice do que as
quedas dos preços no atacado de tomate, laranja e aves, e, para o consumidor,
de laranja, pera, alface e cebola. No INCC, a pressão veio do reajuste de
salários de ajudantes especializados, serventes, carpinteiros, pedreiros e
bombeiros. A inflação no atacado antecipa o que ocorrerá nas semanas
ou meses seguintes com a inflação ao consumidor: os comerciantes repassam os
preços aos compradores finais. Por isso, a inflação no atacado que vinha sendo
comemorada enquanto dava sinais de queda, até maio, agora causa dor de cabeça.
. Nos últimos 12 meses, o IGP-10 atingiu 6,17%. É
ligeiramente inferior ao IGP-10 de maio por um fator sazonal: em junho de 2012,
o índice subiu 0,73%, acima do indicador divulgado na sexta-feira.O governo já gastou bastante munição para aplacar os
preços, nos últimos meses. Reduziu tributos e mudou as regras de renovação das
concessões elétricas, além de adiar os reajustes das passagens de ônibus, que
já não haviam sido reajustadas pelo ex-prefeito Kassab, em São Paulo, no ano
eleitoral de 2012.
. O estoque de "bondades" (à custa dos
contribuintes) tenderá a ser menor, pois o juro básico teve de ser ajustado, a
cotação do dólar subiu e os preços dos derivados de petróleo continuam baixos.
Conter a inflação é tarefa cada vez mais árdua.
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