Saiba por que a CPI do PT não mostra este grampo da Operação Solidária.

Ao exigirem do Tribunal Regional Federal, quinta-feira, a abertura completa da íntegra das 3.540 páginas do inquérito da Operação Solidária, os oito deputados que formam a maioria na CPI do PT, buscam restabelecer a legalidade, a equidade e a transparência diante da ação seletiva com que a deputada Stela Farias, do PT, e a RBS passaram a tratar a revelação dos grampos feitos pela Polícia Federal (os deputados ajuizaram um mandado no TRF e dois no TJE, todos com pedido de liminar, mas nem todos tratam da mesma questão, embora todos relacionem-se com o autoritarismo manifesto da presidente da CPI).

. Os grampos revelados até agora – embora mantidos sob segredo de justiça - atingem unicamente:

1) O PMDB.
2) O PSDB.

. São adversários do PT, os mais perigosos concorrentes do ministro Tarso Genro, candidato ao Piratini e chefe da Polícia Federal à época da realização da Operação Solidária.

. A deputada Stela Farias e a RBS foram buscar o material em volumes sem conexão entre si, desprezando o princípio de que documentos legais são examinados do começo para o fim, contextualizados, e não de modo seletivo e com o objetivo determinado de linchar política e moralmente os adversários.

. Embora a Polícia Federal e o Ministério Público Federal tenham evitado sistematicamente atravessar a porta de qualquer repartição ou liderança ligadas ao PT, o que incluem a prefeitura de Gravataí e órgãos do governo federal, preferindo arrombar apenas as portas do PSDB, PMDB e PP, centenas de grampos revelam relações “sangrentas” assustadoras no campo do Partido dos Trabalhadores.

. No grampo a seguir, você poderá perceber em primeira mão de que forma o governo Lula, do PT, tolera o cartel das empreiteiras federais, que redirecionam as obras federais como bem entendem. O comentário do agente que promoveu o grampo é expressivo sobre isto. Apesar das evidências, o editor pode assegurar o seguinte:

1) A Polícia Federal, que tem âmbito nacional, não foi atrás do caso.
2) O MPF preferiu concentrar suas balas tracejantes sobre Chico Fraga, Eliseu Padilha e Camino.

. Não é só.

. Tem mais.

. A deputada Stela Farias possui o grampo que vai a seguir, mas nada apresenta sobre ele, como também dispensa-se de convocar sessões de espanto para mostrar os grampos que revelam grossas patifarias nos âmbitos da Aneel e do Dnit, apenas duas das repartições do governo Lula, do PT, que freqüentam situações escabrosas no inquérito da Operação Solidária.

. Na CPI do PT, vigora a máxima que consagrou o ex-ministro Rubens Ricupero: “O que é bom (o que nos interessa), a gente mostra; o que é ruim (não nos interessa) a gente bota debaixo do tapete”.

LEIA a transcrição do grampo:

ESCUTA:
Quem chama: CAMINO
Quem atende: HNI

RESUMO:
CAMINO diz que na reunião falaram sobre um comentário de PAULO TADEU e HNI que gerou um constrangimento sobre os assuntos dos LOTES, pois JOSÉ ALBERTO pediu segredo. JOSÉ vai oferecer ao “mercado”, mas irá direcionar pra eles.

DIÁLOGO:
SAUDAÇÕES INICIAIS
CAMINO – Tchê, é o seguinte: houve um comentário lá na ANEOR (Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias) respeito de um comentário teu no assunto dos lotes daqui, sabe ? Isso aí prejudica a gente. O José Alberto (presidente da ANEOR) pediu máximo segredo possível.
HNI – Ah, eu não sabia, não sabia.
C: Não, mas não, isso aí é problema do Zé Alberto. Ele vai oferecer aquilo lá pro mercado, pro mercado, entre aspas, mas vai direcionar pra cá, entendeu ?
HNI – Ta.

Fac símile do comentário do analista da PF:

OS MANDADOS IMPETRADOS POR PMDB, PSDB, PP, PTB E PPS

Os mandados foram ajuizados pelo dr. Bruno Miragem na quinta-feira:

- Tribunal Regional Federal:

1) Anulação da decisão da entrega do inquérito à deputada do PT.
2) Em caso contrário, caracterizar a entrega exclusiva a ela, como deputada. O pedido de liminar não foi acolhido na sexta, mesmo dia do ajuizamento, e na segunda será objeto de recurso.

- Tribunal de Justiça:

1) Proibindo que a presidente convoque ou convide depoentes sem audiência ao colegiado.
2) Obrigando a presidente a publicizar com detalhes inteligíveis o temário das reuniões convocadas, submetendo ao crivo da maioria tudo que não for regimental ou constitucionalmente de competência exclusiva dela.