Em Santa Cruz do Sul, traficantes demonstram "consciência social".

O LEITOR É O REPÓRTER

Os traficantes de droga em Santa Cruz do Sul, pelo visto, tem um pouco daquilo que no filme "Tropa de Elite" era chamada de "consciência social", e decidiram parar de vender crack para não matar sua clientela. Ou seria "consciência de mercado"?
Cristiano Schultz.

http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=123375&intIdEdicao=1940

Artigo
Astor Wartchow

O Outro Poder
(o caso Bom Jesus)

Deu no jornal Gazeta do Sul (19-11-09): “Na mesma reunião (com a comunidade!) em que anunciaram o fim da venda de crack no bairro Bom Jesus (Santa Cruz do Sul), traficantes também “proibiram” que o bairro seja utilizado por ladrões como esconderijo de motos furtadas”.
A magistral filósofa Hannah Arendt (1906-1975), nascida alemã e depois naturalizada norte-americana, sintetizou que o fenômeno da violência (e seu incremento) é decorrência da ausência de/da política.
Leia-se “política”, aqui, por favor, como expressão de todo esforço organizado e racional de superação de diferenças sociais, econômicas e culturais, por exemplo.
E, também, não se trata apenas de superação das diferenças, mas sim, principalmente, do esforço de identificação e de mediação das diferenças.
Trago esta reflexão à tona haja vista que se disseminou um clima de insegurança em todas as comunidades de nosso imenso país.
O vertiginoso crescimento e a organização das ações criminosas, associadas às dificuldades operacionais dos órgãos repressivos, bem como a histórica impunidade, refletem o sentimento generalizado de um estado de pânico, quase uma síndrome nacional.
A predominância desse sentimento, desse estado emocional, prejudica a racionalidade das ações necessárias e nos afasta, cada vez mais, da solução das questões relacionadas à violência e à segurança pública.
Evidentemente, há que se ter respostas práticas e objetivas para o enfrentamento da criminalidade, seja pelo aparelhamento e reforço policial-repressivo, seja pelo reexame e adoção de outros modelos punitivos na área judicial e penal.
Mas, de qualquer modo, são alternativas que não sufocam os núcleos geradores da violência, eis que estes continuam intocáveis e não superáveis devido a não vontade da sociedade e da não ação política (ação de governo, ação de poder de estado).
Esclareça-se que a não ação política não é responsabilidade única e isolada do parlamento, por exemplo, ou do judiciário, ou do executivo. Do mesmo modo, a não ação da sociedade não é algo que possamos identificar de modo personalizado e responsabilizado. Mas é um fenômeno que se traduz num estado de inércia e contemplação coletiva.
Porém, se o estado se omite, se a sociedade se omite, em partes ou no todo, os vazios de organização e poder civilizado são ocupados por outras formas de organização e poder, regra geral pelo predomínio do medo e da violência. Não há vácuo de poder!
Exemplo nacional de agilidade e operacionalidade de (re) organização dos núcleos de poder nas localidades onde o estado não se faz presente são as favelas cariocas, amplamente dominadas pelo narcotráfico. Mas já não é “privilégio” do Rio de Janeiro. Todas as grandes cidades têm núcleos geográficos dominados.
Neste sentido, dado o “andar da carroça” em território nacional e a descrição da natureza do processo de ocupação dos vácuos de poder, não deveria haver surpresas com as notícias recentes que dão conta das “deliberações e ultimatos” do outro poder de estado no bairro Bom Jesus!


5 comentários:

  1. Eu discordo. Tem que vender mais para matar os "criente"

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  2. O ocorrido em Santa Cruz é um verdadeiro absurdo, uma desobediência às leis. Como pede alguém, em sã consciência, "negociar" com traficantes? Parece que agora tá liberado, eles não vendem crak, mas ficam livres para as demais drogas e, quem sabe, sem os "incômodos" das batidas policiais. Sabe como é, a gente tem que "trabalhar", né chefia?

    Não tem nada de "consciência social", é tacanha esta visão. Não passa de negócio, comércio. Eles sabem que estão matando a galinha dos ovos de ouro, assim preservam o seu "mercado".

    Fico imaginando as negociações com os ladrões e assassinos: "olha, eu não mato fulano, mas somente beltrano" e assim por diante.

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  3. Peraí! estamos no Rio de Janeiro onde os traficantes tomaram conta?
    Uma vergonha.
    E sobreo o crake, tempos atrás estudos diziam que um viaciado morreria em 6 meses, mas não vejo notícia nenhuma que viciado morre, ou seja estão durando muito.

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  4. Como o exemplo vem de cima, lá de Brasília, "no Brasil, o crime compensa, e como", só são diferentes quadrilhas, mas todas imbuídas pelo mesmo espírito da lei de Gerson, "gosto de levar vantagem em tudo".

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  5. INMETRO PARA O CRACK

    POUPEM O BURRO QUE LHES PUXA A CARROÇA.

    Já que não conseguem terminar com este mal,sugiro que os traficantes devem providenciar num crack liberado pelo INMETRO,que não mate a galinha dos ovos de ouro,COM GARANTIA, ou melhor, que não mate o burro que lhes puxa a carroça.

    rárárá...

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