Clipping – Site da Revista Veja – 14 de agosto
Por Reinaldo Azevedo
É melancólico, não? A impressão, que não deve estar muito longe da realidade, é que o concerto do Senado não tem conserto. Anos de desmandos e mandonismo fizeram da Casa uma verdadeira corte persa, comandada por eunucos superpoderosos, que passam o dia a conspirar — mais ou menos como Gore Vidal narrou em Criação. A diferença é que nosso Xerxes é Sarney; nosso Dario é Renan Calheiros.
Alguns capas-pretas do se organizam abertamente contra qualquer tentativa de botar uma ordem mínima na Casa. Puxa daqui, puxa dali, e tudo sempre acaba no mesmo lugar — ou no mesmo homem: Agaciel Maia. E Agaciel Maia, é desnecessário lembrar (ou melhor, é necessário), remete a José Sarney (PMDB-AP), o, por assim dizer, presidente da Casa.
Ah, claro, claro! Sarney não é culpado por tudo etc e tal. Essa ladainha já conhecemos. O problema é que ele representa a garantia da continuidade dessa caixa preta em que se transformou o Senado — na verdade, podem botar aí o Congresso. A lambança com as passagens aéreas na Câmara não nos permite ter muita esperança sobre o que anda por lá.
E quem tem nas mãos, hoje, o futuro do Legislativo? O PMDB de Sarney, Renan e Wellington Salgado. Lula, que poderia ser a liderança moral do país, ainda que chefiando outro Poder, beira o cinismo quando dá uma espécie de pito nos senadores, mas garantindo apoio irrestrito a Renan. Mais do que isso: organizou com ele a “reação”.
Abaixo, publico uma espécie de tradução comentada de um editorial da Economist, que rasga elogios ao desempenho econômico do Brasil e ao governo Lula, mas aponta a sua incrível irresponsabilidade na política externa, sempre flertando com ditaduras e ditadores. A irresponsabilidade na política interna não é menor. No dia seguinte àquela baixaria protagonizada por Fernando Aquilo Roxo Collor (PTB-AL) na altercação com Pedro Simon (PMDB-RS), o presidente o recebeu em seu gabinete. Os dois devem ter comemorado o sucesso da operação.
Há muito tempo critico — e, se procurarem no arquivo, vocês encontrarão a expressão em muitos textos — o que chamo de “rebaixamento institucional” (ou “das instituições) promovido por Lula e por seu partido. Eis aí. Sim, é verdade: os desmandos vêm de longe. A questão é saber que aliança, hoje, impede qualquer mudança. No comando das forças da reação, está Luiz Inácio Lula da Silva.
Caro Políbio,grato por postar aqui,em seu blog,os textos do caro Reinaldo!
ResponderExcluirRecomendo um outro texto do blog do excelente REINALDO AZEVEDO:
"DE QUE LADO ESTÁ O BRASIL?
sexta-feira, 14 de agosto de 2009 | 5:49
O mundo começa a acordar para a estúpida política externa brasileira, conduzida por Celso Amorim com o auxílio luxuoso de Marco Aurélio Garcia. No Brasil, os mistificadores, que aceitam o papel de porta-vozes do ministro, resistem em ver o óbvio. A Economist, sempre tão generosa com o governo Lula, cobra num editorial que o país adote uma política externa à altura de sua posição e de sua ambição (integra aqui). E lembra que importância no mundo implica o peso de responsabilidades. O título não deixa dúvida sobre o que vem: “De que lado está o Brasil?”. Acho que vocês vão reconhecer boa parte das críticas à política externa brasileira. Leiam o que segue. No fim de tudo, volto para um último comentário..."
Continua em:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/de-que-lado-esta-o-brasil/
Grato,caro Políbio
Ítalo-Germânico -
Leitor-Comentarista do blog REINALDO AZEVEDO