Clipping
Revista Veja
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, é um fenômeno típico do surto de vale-tudo que varreu o Congresso desde o escândalo do mensalão. Acusado de envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro do BNDES, o deputado foi absolvido na semana passada pelos colegas do Conselho de Ética da Câmara. Apesar do parecer do relator recomendando a cassação do mandato, dez dos catorze parlamentares que integram o órgão não encontraram nada que desabonasse a conduta de Paulinho, que responde a dois processos no Supremo Tribunal Federal por crime de corrupção.
. O pior é que, além de previsível, o resultado ainda foi recebido com uma preocupante indiferença pela grande maioria dos deputados. Na hora do julgamento, certo de que a decisão lhe seria favorável, Paulinho nem sequer estava nas dependências do Congresso. Comandava uma manifestação de sindicalistas pela Esplanada dos Ministérios. Informado do resultado, comemorou, foi carregado nos braços e ainda sorveu uma lata de cerveja na frente dos fotógrafos. Uma cena de absoluto escárnio.
. No mesmo dia da absolvição, a Polícia Federal indiciou a mulher do deputado, Elza de Fátima Costa Pereira, e outras pessoas ligadas à Força Sindical por crime de lavagem de dinheiro. Segundo um relatório da PF, Paulinho recebeu 180 000 reais em propina para intermediar empréstimos no BNDES e usava uma ONG comandada por Elza para esconder os pagamentos.
. "As parcelas destinadas a Paulinho foram depositadas em organizações não-governamentais ligadas a ele. Descobriu-se um esquema de lavagem no qual essas organizações recebem dinheiro ilícito como se fossem doações", diz o relatório da polícia. Todas essas informações estavam no processo que pediu a cassação do mandato do deputado Paulinho da Força, mas, ao que parece, ninguém deu a mínima importância. "Qualquer um pode usar seu nome para se beneficiar sem que você saiba ou tenha autorizado", disse o deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP).
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