Ministro do GSI diz que Abin comprou equipamento de escutas

Em conjunto com o Exército, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) adquiriu equipamentos que realizam varreduras para identificar a existência de grampos telefônicos. Esses equipamentos também poderiam realizar escutas. O ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Armando Félix, admitiu nesta terça-feira a compra dos equipamentos durante depoimento à CPI das Escutas Clandestinas, mas disse que a agência não tem certeza se as máquinas podem efetivamente grampear telefones.

. Félix disse que pediu a técnicos do Exército para testarem os equipamentos com o objetivo de identificar todas as suas funções. "Recomendei que [os técnicos] não apenas leiam o manual, mas usem, testem, e verifiquem se os equipamentos têm capacidade ou não tem [de realizar escutas]", afirmou. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) disse que o ministro Nelson Jobim (Defesa) falou sobre a compra dos equipamentos durante reunião de coordenação política do governo nesta segunda-feira, na qual se discutiu os grampos telefônicos contra autoridades dos três Poderes.

. Segundo o deputado, Jobim disse que as máquinas foram compradas nos Estados Unidos com o objetivo de realizar varreduras. Félix confirmou à CPI que a Abin tem a prerrogativa de executar varreduras e escutas ambientais, mas não grampos telefônicos --que são funções da Polícia Federal em investigações.

. Félix disse que se o laudo dos técnicos do Exército não for conclusivo, o governo vai encontrar outros mecanismos para identificar a possibilidade dos equipamentos realizarem grampos. "O que afirmo é que foi comprado como equipamento de varredura. Se permite complementares, vamos fazer essa perícia. São equipamentos comprados com verbas ostensivas. As Forças Armadas compram no exterior porque ficam muito mais baratos do que quando são importados aqui", disse o general.

. No depoimento à CPI, Félix admitiu que agentes da Abin podem ter grampeado o telefone do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes. O general disse, porém, que a agência não realizou nenhum tipo de escuta institucionalmente. Se os grampos foram realizados, segundo Félix, a iniciativa partiu de "maus profissionais" da Abin --uma vez que a Constituição Federal não permite à agência grampear telefones.


. As informações acima são do jornal Correio Braziliense.

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