A foto ao lado é do Correio do Povo. Trata-se de manifestação desta sexta-feira diante do Palácio Piratini. Amigos e parentes de Lauane Lucas, 22 anos, assassinada esta semana em Porto Alegre, foram pedir mais segurança. Tarso Genro mandou um delegado receber o pai e a comitiva. O governo estadual, como se sabe, tem a atribuição constitucional exclusiva pela segurança pública no RS, coisa que não oferece.
O editorial a seguir é do jornal Zero Hora deste sábado. Ele revela o sentimento que domina todos os portoalegrenses há bastante tempo. Ninguém mais está seguro na Capital, a não ser algumas autoridades que se cercam de seguranças armados, carros blindados e todo tipo de proteção. São elas que não enxergam o que acontece nas ruas e por isto deixam de tomar atitudes na defesa do cidadão indefeso. A segurança pública é direito das pessoas e obrigação do governo estadual - que nada faz.
O que interessa para as pessoas é ter tranquilidade no
lugar onde vivem e trabalham, nas ruas e praças onde circulam e, especialmente,
nas suas casas.
A resistência de
moradores de Porto Alegre em permitir a entrada de agentes sanitários do combate
à dengue em suas residências pode ser explicada pelas páginas policiais dos
jornais e pelos noticiários de rádio e televisão. Não passa dia sem que a
população seja confrontada com algum crime brutal, como o recente assassinato
da jovem Lauane Custódio Lucas, em frente de sua casa no bairro Partenon, por
delinquentes que tentavam roubar o carro do seu namorado. É muita estupidez, é
muita selvageria, é muita insegurança. Todos sabemos que a dengue deve ser
combatida e que a população deve colaborar com os agentes de saúde, mas como
permitir a aproximação de pessoas estranhas num clima de terror como o que se
vive na capital gaúcha? Não é só na principal cidade do Estado, é verdade. A
violência urbana atinge todo o Estado e todo o país. Ninguém desconhece isso.
Mas o que interessa para as pessoas é ter tranquilidade no lugar onde vivem e
trabalham, nas ruas e praças onde circulam e, especialmente, nas suas casas.Sempre reclamamos
da impunidade. Ontem, a polícia anunciou a prisão dos suspeitos do bárbaro
crime desta semana, que devem ser julgados e punidos de acordo com a
legislação. Nem é preciso dizer que a penalização dos culpados, por mais dura
que seja, não diminuirá a dor dos familiares e amigos pela perda da estudante.
Nem reduzirá o medo que todos sentimos quando saímos às ruas ou quando algum
parente próximo demora para chegar em casa. Punir os criminosos é necessário,
sim, mas insuficiente. O que precisamos todos é de proteção, de policiamento
preventivo, de ações sociais e repressivas capazes de inibir a criminalidade
antes que ela se manifeste.
De que adianta
saber que o presídio está cheio de delinquentes, submetidos a condições
desumanas que, na visão de suas vítimas, talvez até seja punição branda demais?
De que adianta saber que, às vezes, a polícia age com eficiência na
investigação e na detenção de criminosos, embora também seja frequente que eles
fiquem pouco tempo encarcerados? De que adianta saber que existem leis
rigorosas para enquadrar os marginais? O que queremos é a segurança de poder ir
e vir na nossa própria cidade, sem o risco de sermos assaltados, agredidos e
até exterminados por facínoras entupidos de drogas.
É possível sair
deste ambiente de terror a que os brasileiros parecem condenados eternamente?
Metrópoles outrora violentas, como Nova York ou mesmo cidades brasileiras que
reduziram significativamente a criminalidade, comprovam que sim. Com programas
sociais que incluem emprego e lazer para os jovens, com polícia comunitária e
investimento em inteligência, com monitoramento de áreas mais suscetíveis a
ocorrências policiais, com penas mais longas para crimes hediondos, com a
implantação de vigilância eletrônica e com outras medidas que podem ser
replicadas, várias cidades conseguiram dar um pouco mais de paz aos seus
habitantes.
Precisamos de ações desse tipo de nossos governantes. E
logo. Estamos com medo.