Caso Rose: 53 dias de estrepitoso silêncio só serviram
para confirmar que Lula não tem como sair do atoleiro em que se meteu
Se o tamanho da confusão é maior que o estoque de
embustes, Lula emudece até ser socorrido pela crônica amnésia nacional — ou
pelo aparecimento de outra encrenca que faça andar a fila de casos
político-policiais que envolvem o ex-presidente. Foi assim, por exemplo, quando
se descobriu a roubalheira do mensalão. Ou quando um avião da TAM explodiu na
pista de Congonhas. Ou quando a imprensa revelou amostras da soberba gastança
bancada com cartões corporativos.Como o truque funcionou nos episódios anteriores, o
mágico de circo resolveu reapresentá-lo para engambelar a plateia perplexa com
o Rosegate. Desta vez não deu certo. A mudez malandra sobre a pornochanchada
fora da lei que estrelou ao lado da primeiríssima amiga Rosemary Noronha só
serviu para atestar que Lula não tem como sair do atoleiro em que se meteu.
Imposto pela enxurrada de ladroagens, bandalheiras,
perguntas sem resposta e abjeções de variado calibre abastecida por
quadrilheiros acampados no escritório da
Presidência da República em São Paulo, o mais longo e estrepitoso silêncio de
Lula é também o mais patético. Nesta segunda-feira, completou 52 dias. Amanhã
serão 54. A coluna só vai encerrar a contagem quando o fugitivo da imprensa
recuperar a voz ─ e tratar de usá-la para explicações mais convincentes do que
as que deve ter balbuciado em casa.O país que pensa exige respeito. Patroa é uma coisa,
pátria é outra. Fartos de tanta tapeação, milhões de brasileiros não aceitam
ser tratados como se fossem um bando de marisas letícias.