Resultado final do referendo de Porto Alegre:
- 18.135 votos "não".
- 4.339 votos "sim".
. Isto significa que na área do antigo Estaleiro Só, no Pontal do Estaleiro, só poderão sair edifícios comerciais. O referendo era para saber se a população aceitava instalar, ali, também residências.
. A vitória do "não" é definitiva e deve ser respeitada.
- O referendo foi um fracasso total, porque apenas 25 mil dos 1 milhão de eleitores compareceram às urnas. Isto significa que menos de 2% da população decidiram que na área não poderão ser construídas residências, mas apenas empreendimentos comerciais, como já estabelece a lei. É uma decisão maluca. Ela só teria sentido se a opção fosse entre 1) não construir nada. 2) construir livremente.
. Erra quem acha que votando não nada será construído. A empreendedora já tem autorização para construção de imovéis comerciais no local. A única diferença é que nos finais de semana, à noite e em feriados a área vai ficar deserta.
Procuradores da PGE buscam autonomia a que não têm direito algum.
É uma representação enganosa a nota divulgada neste domingo pelas Associações dos Procuradores dos Estados, com o apoio da OAB do Brasil.
. A nota foi feita sob encomenda para o Rio Grande do Sul.
. Usando o agumento de que (o governo estadual) opera em "desprestígio da carreira... já que tais condutas somente atendem a interesses menores e individuais e não à sociedade gaúcha", a nota avisa o seguinte:
- Os Procuradores do Estado acompanham com perplexidade e indignação as denúncias de corrupção e de dilapidação do patrimônio público rio-grandense, imputados a agentes políicos, servidores públoicos e particulares. É dever da classe dos advogaqdos públicos esclarecer seu posicionamento no sentido da apuração dos fatos em relação a todos os envolvidos.
. Toda a linha de argumentação vai na direção sguinte:
1) o caráter dos serviços dos Procuradores do Estado em "defesa do Estado e não do governante".
2) a PGE deve ter autonomia plena, com desvinculação do Poder Executivo.
. Ora:
1) os procuradores da PGE cometeriam crime de prevaricação, caso acobertassem malfeitorias em qualquer área do governo a que servem, incluído aí a governadoria, sendo que suas prerrogativas são tão respeitadas quanto as de qualquer outro servidor do Poder Executivo.
2) os procuradores da PGE são, sim, advogados do Poder Executivo, o que quer dizer que não são advogados do Estado. Isto quer dizer que os procuradores são tão advogados do Estado quanto são os advogados da Assembléia Legislativa ou do Tribunal de Contas do Estado ou da CEEE, da Brigada e da Procempa, o que quer dizer que não são nada disto, mas, sim, do Poder Executivo. Se quiserem autonomia, sem dever de subordinação ou obediência hierárquica a a nenhum outro Poder, devem se inscrever para concursos no MPE ou no MPF.
3) advogados do Estado são, assim, os advogados contratados por cada um dos Poderes e devem obediência aos chefes deles.
. A sociedade gaúcha já possui seus próprios advogados, os Defensores Públicos, como também, no seu conjunto, a sociedade gaúcha já tem seus próprios advogados, os membros do MInistério Público Estadual, um verdadeiro Quarto Poder dentro da nova Ordem Republicana.
. A população gaúcha precisa entender que se trata de novo movimento corporativista inaceitável. É ela quem pagará a conta dos novos super-servidores públicos, regiamente remunerados - mesmo os mais pobres gaúchos que mal conseguem uma aposentadoria decente ou um serviço público digno deste nome.
- Aliás, como os procuradores da PGE, também os advogados da Defensoria Pública já trabalham para buscar plena autonomia, ou seja, para se transformarem num quinto e num sexto Poderes da República.
. A nota foi feita sob encomenda para o Rio Grande do Sul.
. Usando o agumento de que (o governo estadual) opera em "desprestígio da carreira... já que tais condutas somente atendem a interesses menores e individuais e não à sociedade gaúcha", a nota avisa o seguinte:
- Os Procuradores do Estado acompanham com perplexidade e indignação as denúncias de corrupção e de dilapidação do patrimônio público rio-grandense, imputados a agentes políicos, servidores públoicos e particulares. É dever da classe dos advogaqdos públicos esclarecer seu posicionamento no sentido da apuração dos fatos em relação a todos os envolvidos.
. Toda a linha de argumentação vai na direção sguinte:
1) o caráter dos serviços dos Procuradores do Estado em "defesa do Estado e não do governante".
2) a PGE deve ter autonomia plena, com desvinculação do Poder Executivo.
. Ora:
1) os procuradores da PGE cometeriam crime de prevaricação, caso acobertassem malfeitorias em qualquer área do governo a que servem, incluído aí a governadoria, sendo que suas prerrogativas são tão respeitadas quanto as de qualquer outro servidor do Poder Executivo.
2) os procuradores da PGE são, sim, advogados do Poder Executivo, o que quer dizer que não são advogados do Estado. Isto quer dizer que os procuradores são tão advogados do Estado quanto são os advogados da Assembléia Legislativa ou do Tribunal de Contas do Estado ou da CEEE, da Brigada e da Procempa, o que quer dizer que não são nada disto, mas, sim, do Poder Executivo. Se quiserem autonomia, sem dever de subordinação ou obediência hierárquica a a nenhum outro Poder, devem se inscrever para concursos no MPE ou no MPF.
3) advogados do Estado são, assim, os advogados contratados por cada um dos Poderes e devem obediência aos chefes deles.
. A sociedade gaúcha já possui seus próprios advogados, os Defensores Públicos, como também, no seu conjunto, a sociedade gaúcha já tem seus próprios advogados, os membros do MInistério Público Estadual, um verdadeiro Quarto Poder dentro da nova Ordem Republicana.
. A população gaúcha precisa entender que se trata de novo movimento corporativista inaceitável. É ela quem pagará a conta dos novos super-servidores públicos, regiamente remunerados - mesmo os mais pobres gaúchos que mal conseguem uma aposentadoria decente ou um serviço público digno deste nome.
- Aliás, como os procuradores da PGE, também os advogados da Defensoria Pública já trabalham para buscar plena autonomia, ou seja, para se transformarem num quinto e num sexto Poderes da República.
Deputado Diaz sai da UTI e vai para o quarto em Brasília
O deputado federal Cláudio Diaz (PSDB-RS) recebeu neste domingo, 23, alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e seguirá internado no quarto para dar continuidade ao tratamento. Segundo o boletim médico, Diaz recupera-se bem da cirurgia de urgência realizada na última sexta-feira (21) para desobstrução do intestino
Lula ganha novos jatos de R$ 168 milhões para visitar Chávez, Evo e Fidel
Clipping - Revista IstoÉ - 22 de agosto
Desde que trocou o velho Boeing 707, o "Sucatão", pelo moderno Airbus A319, em 2005, a Presidência estudava adquirir aviões que substituíssem os dois Boeing 737-200, chamados de "sucatinhas". Mas a repercussão negativa da compra do avião presidencial, por US$ 56,7 milhões, adiou os planos. A decisão de compra veio depois que, em 2007, uma das aeronaves apresentou problema técnico e interrompeu uma viagem da comitiva presidencial à África. O avião levava 25 empresários e 25 jornalistas. O presidente, então, comentou com assessores que o episódio havia definitivamente convencido a imprensa, que criticara a compra do Aerolula, da necessidade de renovação de toda a frota presidencial.
Os novos aviões de Lula
A frota presidencial agora conta com mais dois jatos de luxo da Embraer que custaram R$ 168 milhões. Além do Aerolula
A partir de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá exercer sua diplomacia presidencial pelo mundo afora a bordo de um novo avião. Trata-se de um jato Embraer 190, da família E-Jet, mesmo modelo encomendado pelo ex-piloto austríaco Niki Lauda para a frota da sua companhia comercial, a Lauda Air. No caso brasileiro, o EMB-190 será usado especialmente para as viagens pela América Latina. Também servirá para transportar equipes de apoio, convidados e como aeronave reserva para casos de eventual manutenção ou pane do Aerolula, como a que ocorreu em março no retorno de uma viagem aos Estados Unidos.
Desde que trocou o velho Boeing 707, o "Sucatão", pelo moderno Airbus A319, em 2005, a Presidência estudava adquirir aviões que substituíssem os dois Boeing 737-200, chamados de "sucatinhas". Mas a repercussão negativa da compra do avião presidencial, por US$ 56,7 milhões, adiou os planos. A decisão de compra veio depois que, em 2007, uma das aeronaves apresentou problema técnico e interrompeu uma viagem da comitiva presidencial à África. O avião levava 25 empresários e 25 jornalistas. O presidente, então, comentou com assessores que o episódio havia definitivamente convencido a imprensa, que criticara a compra do Aerolula, da necessidade de renovação de toda a frota presidencial.
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Sob fogo cerrado, Lula manda Dilma tirar férias
Clipping – Jornal O Estado de S.Paulo – 23 de agosto
Planalto vai tirar Dilma de cena e reforçar sua blindagem
Ministra sai de férias em setembro, enquanto ministros e líderes do PT são escalados para responder à oposição
Por Vera Rosa e Tânia Monteiro, BRASÍLIA
Alvo de constantes estocadas da oposição, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sairá de cena por no mínimo uma semana, em setembro, após o anúncio do marco regulatório do pré-sal, no próximo dia 31. As férias da ministra, pré-candidata do PT à Presidência, coincidem com a nova estratégia do Planalto para reforçar sua blindagem. A partir de agora, líderes do PT e do governo no Congresso, dirigentes petistas e até ministros ficarão responsáveis por uma espécie de "comitê" da pronta resposta na Esplanada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva constatou que Dilma continua "assoberbada" de trabalho e não pode mais acumular a gerência do governo com a coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os projetos sobre o pré-sal e as atividades de campanha. O descanso foi sugerido pelos médicos logo depois que a ministra terminou, na semana passada, o tratamento de radioterapia para combater um câncer no sistema linfático.
Dilma está preocupada com o bombardeio na sua direção. Em reunião realizada na quarta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)- sede provisória do governo -, a ministra negou diante de colegas e dirigentes do PT que tenha feito qualquer solicitação à então secretária da Receita Federal Lina Vieira. Demitida do cargo, Lina acusou Dilma de ter pedido a ela para "agilizar" investigações do Fisco sobre a família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Convocada pelo chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, para definir o roteiro que seria cumprido poucas horas depois pelo PT no Conselho de Ética, a fim de salvar Sarney, a reunião daquele dia também tratou da blindagem de Dilma. A avaliação foi de que os ataques à chefe da Casa Civil vão crescer e é preciso protegê-la.
Mesmo assim, o governo está convencido de que é necessário tomar providências para evitar que a oposição cole em Dilma o carimbo de "mentirosa". A ordem é partir para o confronto e, se o alvo for relacionado a alguma medida administrativa, comparar com a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Planalto vai tirar Dilma de cena e reforçar sua blindagem
Ministra sai de férias em setembro, enquanto ministros e líderes do PT são escalados para responder à oposição
Por Vera Rosa e Tânia Monteiro, BRASÍLIA
Alvo de constantes estocadas da oposição, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sairá de cena por no mínimo uma semana, em setembro, após o anúncio do marco regulatório do pré-sal, no próximo dia 31. As férias da ministra, pré-candidata do PT à Presidência, coincidem com a nova estratégia do Planalto para reforçar sua blindagem. A partir de agora, líderes do PT e do governo no Congresso, dirigentes petistas e até ministros ficarão responsáveis por uma espécie de "comitê" da pronta resposta na Esplanada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva constatou que Dilma continua "assoberbada" de trabalho e não pode mais acumular a gerência do governo com a coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os projetos sobre o pré-sal e as atividades de campanha. O descanso foi sugerido pelos médicos logo depois que a ministra terminou, na semana passada, o tratamento de radioterapia para combater um câncer no sistema linfático.
Dilma está preocupada com o bombardeio na sua direção. Em reunião realizada na quarta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)- sede provisória do governo -, a ministra negou diante de colegas e dirigentes do PT que tenha feito qualquer solicitação à então secretária da Receita Federal Lina Vieira. Demitida do cargo, Lina acusou Dilma de ter pedido a ela para "agilizar" investigações do Fisco sobre a família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Convocada pelo chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, para definir o roteiro que seria cumprido poucas horas depois pelo PT no Conselho de Ética, a fim de salvar Sarney, a reunião daquele dia também tratou da blindagem de Dilma. A avaliação foi de que os ataques à chefe da Casa Civil vão crescer e é preciso protegê-la.
Mesmo assim, o governo está convencido de que é necessário tomar providências para evitar que a oposição cole em Dilma o carimbo de "mentirosa". A ordem é partir para o confronto e, se o alvo for relacionado a alguma medida administrativa, comparar com a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
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Entrevista - Montenegro, dono do Ibope: "Lula não elegerá Dilma e o PT está acabando"
VEJA
Domingo
'Lula não fará seu sucessor", diz o dono do IBOPE
Carlos Augusto Montenegro é um dos mais experientes analistas do cenário político nacional. Presidente do Ibope, empresa que virou sinônimo de pesquisa de opinião pública no Brasil, ele acompanhou com lupa todas as eleições realizadas no país desde a volta à democracia, em 1985.
Agora, faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, Montenegro faz uma análise que o consagrará se acertar. Se errar? Bem, dará às pessoas o direito de igualarem seu ofício às brumas da especulação.
Em entrevista ao editor Alexandre Oltramari, Montenegro aposta que o governo, apesar da imensa popularidade do presidente Lula, não conseguirá fazer o sucessor – no caso, a ministra Dilma Rousseff. Também afirma que o PT está em processo de decomposição.
O que os acontecimentos da semana passada revelaram sobre o PT?
Que o partido deu um passo a mais na direção de seu fim. O PT passou vinte anos dizendo que era sério, que era ético, que trabalhava pelo Brasil de uma maneira diferente dos outros partidos. O mensalão minou todo o apelo que o PT havia acumulado em sua história. Ali acabou o diferencial. Ali acabou o charme. Todas as suas lideranças foram destruí-das. Estrelas como José Dirceu, Luiz Gushiken e Antonio Palocci se apagaram. Eu não diria que o partido está extinto, mas está caminhando para isso.
Mas por trás do apoio ao PMDB e ao senador Sarney não está exatamente um projeto de poder do PT?
É um projeto de poder do presidente Lula. O desempenho eleitoral do PT depois do mensalão foi um vexame. Em 2006, com exceção da Bahia, o partido só venceu em estados inexpressivos. Nas eleições municipais de 2008, entre as 100 maiores cidades, perdeu em quase todas. Lula sempre foi contra a reeleição e só resolveu disputá-la para tentar salvar o PT. Sua reeleição foi um plebiscito para decidir se deveria continuar governando mais quatro anos ou não. Mas tudo indica que agora ele não fará o sucessor justamente por causa da mesmice na qual o PT mergulhou.
Ao contrário do que muita gente acredita, o senhor aposta que Lula, mesmo com toda a popularidade, não conseguirá eleger o sucessor.
Uma coisa é ele participar diretamente de uma eleição. Outra, bem diferente, é tentar transferir popularidade a alguém. Sem o surgimento de novas lideranças no PT e com a derrocada de seus principais quadros, o presidente se empenhou em criar um candidato, que é a Dilma Rousseff. Mas isso ocorreu de maneira muito artificial. Ela nunca disputou uma eleição, não tem carisma, jogo de cintura nem simpatia. Aliás, carisma não se ensina. É intransferível. "Mãe do PAC", convenhamos, não é sequer uma boa sacada. As pessoas não entendem o que isso significa. Era melhor ter chamado a Dilma de "filha do Lula".
Porém já existem pesquisas que colocam Dilma Rousseff na casa dos 20% das intenções de voto.
A Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela. A transferência de votos ocorre apenas no eleitorado mais humilde. Mas isso não vai decidir a eleição. Foi-se o tempo em que um líder muito popular elegia um poste. Isso acontecia quando não havia reeleição. Os eleitores achavam que quatro anos era pouco e queriam mais. Aí votavam em quem o governante bem avaliado indicava, esperando mais quatro anos de sucesso.
Diante do quadro político que se desenha, quais são então as possibilidades dos candidatos anunciados até o momento?
Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava – e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito. Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também.
A entrada em cena de Marina Silva, que deixou o PT para disputar a eleição presidencial pelo PV, altera o quadro sucessório?
A Marina é a pessoa cuja história pessoal mais se assemelha à do Lula. É humilde, foi agricultora, trabalhou como empregada doméstica, tem carisma, história política e já enfrentou as urnas. Além disso, já estava preocupada com o meio ambiente muito antes de o tema entrar na agenda política. Ela dificilmente ganha a eleição, mas tem força para mudar o cenário político. Ser mulher, carismática e petista histórica é sem dúvida mais um golpe na candidatura de Dilma.
Na hora de votar, o eleitor leva em consideração o perfil ético do candidato?
Uma pesquisa do Ibope constatou que 70% dos entrevistados admitem já ter cometido algum tipo de prática antiética e 75 % deles afirmaram que cometeriam algum tipo de corrupção política caso tivessem oportunidade. Isso, obviamente, acaba criando um certo grau de tolerância com o que se faz de errado. Talvez esteja aí uma explicação para o fato de alguns políticos do PT e outros personagens muito conhecidos ainda não terem sido definitivamente sepultados.
Domingo
'Lula não fará seu sucessor", diz o dono do IBOPE
Carlos Augusto Montenegro é um dos mais experientes analistas do cenário político nacional. Presidente do Ibope, empresa que virou sinônimo de pesquisa de opinião pública no Brasil, ele acompanhou com lupa todas as eleições realizadas no país desde a volta à democracia, em 1985.
Agora, faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, Montenegro faz uma análise que o consagrará se acertar. Se errar? Bem, dará às pessoas o direito de igualarem seu ofício às brumas da especulação.
Em entrevista ao editor Alexandre Oltramari, Montenegro aposta que o governo, apesar da imensa popularidade do presidente Lula, não conseguirá fazer o sucessor – no caso, a ministra Dilma Rousseff. Também afirma que o PT está em processo de decomposição.
O que os acontecimentos da semana passada revelaram sobre o PT?
Que o partido deu um passo a mais na direção de seu fim. O PT passou vinte anos dizendo que era sério, que era ético, que trabalhava pelo Brasil de uma maneira diferente dos outros partidos. O mensalão minou todo o apelo que o PT havia acumulado em sua história. Ali acabou o diferencial. Ali acabou o charme. Todas as suas lideranças foram destruí-das. Estrelas como José Dirceu, Luiz Gushiken e Antonio Palocci se apagaram. Eu não diria que o partido está extinto, mas está caminhando para isso.
Mas por trás do apoio ao PMDB e ao senador Sarney não está exatamente um projeto de poder do PT?
É um projeto de poder do presidente Lula. O desempenho eleitoral do PT depois do mensalão foi um vexame. Em 2006, com exceção da Bahia, o partido só venceu em estados inexpressivos. Nas eleições municipais de 2008, entre as 100 maiores cidades, perdeu em quase todas. Lula sempre foi contra a reeleição e só resolveu disputá-la para tentar salvar o PT. Sua reeleição foi um plebiscito para decidir se deveria continuar governando mais quatro anos ou não. Mas tudo indica que agora ele não fará o sucessor justamente por causa da mesmice na qual o PT mergulhou.
Ao contrário do que muita gente acredita, o senhor aposta que Lula, mesmo com toda a popularidade, não conseguirá eleger o sucessor.
Uma coisa é ele participar diretamente de uma eleição. Outra, bem diferente, é tentar transferir popularidade a alguém. Sem o surgimento de novas lideranças no PT e com a derrocada de seus principais quadros, o presidente se empenhou em criar um candidato, que é a Dilma Rousseff. Mas isso ocorreu de maneira muito artificial. Ela nunca disputou uma eleição, não tem carisma, jogo de cintura nem simpatia. Aliás, carisma não se ensina. É intransferível. "Mãe do PAC", convenhamos, não é sequer uma boa sacada. As pessoas não entendem o que isso significa. Era melhor ter chamado a Dilma de "filha do Lula".
Porém já existem pesquisas que colocam Dilma Rousseff na casa dos 20% das intenções de voto.
A Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela. A transferência de votos ocorre apenas no eleitorado mais humilde. Mas isso não vai decidir a eleição. Foi-se o tempo em que um líder muito popular elegia um poste. Isso acontecia quando não havia reeleição. Os eleitores achavam que quatro anos era pouco e queriam mais. Aí votavam em quem o governante bem avaliado indicava, esperando mais quatro anos de sucesso.
Diante do quadro político que se desenha, quais são então as possibilidades dos candidatos anunciados até o momento?
Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava – e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito. Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também.
A entrada em cena de Marina Silva, que deixou o PT para disputar a eleição presidencial pelo PV, altera o quadro sucessório?
A Marina é a pessoa cuja história pessoal mais se assemelha à do Lula. É humilde, foi agricultora, trabalhou como empregada doméstica, tem carisma, história política e já enfrentou as urnas. Além disso, já estava preocupada com o meio ambiente muito antes de o tema entrar na agenda política. Ela dificilmente ganha a eleição, mas tem força para mudar o cenário político. Ser mulher, carismática e petista histórica é sem dúvida mais um golpe na candidatura de Dilma.
Na hora de votar, o eleitor leva em consideração o perfil ético do candidato?
Uma pesquisa do Ibope constatou que 70% dos entrevistados admitem já ter cometido algum tipo de prática antiética e 75 % deles afirmaram que cometeriam algum tipo de corrupção política caso tivessem oportunidade. Isso, obviamente, acaba criando um certo grau de tolerância com o que se faz de errado. Talvez esteja aí uma explicação para o fato de alguns políticos do PT e outros personagens muito conhecidos ainda não terem sido definitivamente sepultados.